Caldeira elétrica à vista?

Alex Ruiz

7/12/20253 min read

Introdução

A busca por soluções eficientes e sustentáveis para geração de vapor está mais ativa do que nunca. A caldeira elétrica, antes vista como inviável para aplicações industriais, começa a ganhar espaço graças à queda no custo da energia com a chegada das energias solar e eólica.

Neste artigo, comparamos o custo total da tonelada de vapor saturado a 10 bar(g) para ambos os sistemas, considerando não apenas o combustível, mas também os custos de operação e manutenção (O&M) e de aquisição.

1. Premissas Técnicas

Valores estimados:

  • Pressão do vapor: 10 bar(g);

  • Preço do cavaco: R$ 230/tonelada;

  • Custo de geração solar (autoprodução): R$ 120 a R$ 150/MWh;

  • Encargos médios de uso da rede: R$ 80/MWh;

  • O&M elétrica: R$ 5 a R$ 10 por tonelada de vapor;

  • O&M cavaco: R$ 25 a R$ 40 por tonelada de vapor;

  • Tempo de pagamento: 10 anos;

  • Taxa de juros: 10% ao ano.

2. Custo do vapor

Sem considerar o custo de aquisição diluído (somente O&M):

  • Elétrica (energia do mercado livre): 202 a 246 R$/t;

  • Elétrica (geração solar própria): 123 a 168 R$/t;

  • Biomassa (cavaco): 97 a 112 R$/t.

O custo de aquisição total diluído (caldeira e periféricos (pátio de biomassa, infraestrutura elétrica e remoção de cinzas)) é cerca de 17 R$/t na caldeira elétrica e  20 R$/t na caldeira a biomassa, ambas com vazão de 20 t/h de vapor.  Alterando a vazão de vapor para 60 t/h, esse valor passa para 16 R$/t em ambas as situações.

3. Comparativo

A caldeira a cavaco ainda apresenta menor custo total, mas a diferença se estreita muito quando a energia elétrica é gerada via sistema solar próprio.

A caldeira elétrica passa a ser competitiva, principalmente em locais:

  • Sem disponibilidade de biomassa,

  • Com geração própria ou baixo custo da energia elétrica,

  • Com disponibilidade de infraestrutura elétrica;

  • Com matriz de geração de eletricidade majoritariamente renovável;

  • Com foco em descarbonização.

4. Plantas com caldeiras elétricas

Algumas plantas com caldeiras elétricas em escala considerável produzindo vapor saturado:

  • Fabricante Parat Halvorsen - Hamburgo, Alemanha - Capacidade de  90 t/h de vapor @ 10 a 12 bar(g);

  • Fabricante Elpanneteknik - Malmo, Suécia - 70 t/h de vapor @ 8 a 12 (bar(g);

  • Precision Boilers - Virgínia - Estados Unidos - 40 t/h @ 3 a 10 bar(g).

5. Desafios e limitações

Os principais desafios para que essa tendência aconteça são:

  • Continuar a baixar o custo da energia elétrica (aumento de geração solar e eólica, armazenamento de energia (usinas reversíveis, baterias ou armazenamento térmico);

  • Desenvolver/investir na infraestrutura elétrica (acomodar maior geração solar e eólica, armazenamento e ampliar a capacidade de escoamento do sistema elétrico);

  • Grandes unidades (maiores que 60 t/h) são raras e, portanto, estes sistemas com a tecnologia no momento atenderia pequenas e médias industrias ou necessitaria a implantação de múltiplas unidades.

6. Outras Considerações

A eletrificação, a qual começou há muitos anos, parece ser uma tendência que continuará, assim como as energias solar e eólica. No entanto, a participação destas é relativamente pequena na matriz energética. Quando se coloca na conta a energia térmica, percebe-se que o caminho é longo e que os sistemas atuais (caldeiras a biomassa) continuarão por um bom período dada à necessidade de desenvolvimento do setor elétrico.

Novas plantas, em um futuro breve e em especial às de menor porte, poderão ser concebidas com caldeiras elétricas devido à tendência de diminuição do preço da energia. Porém, a medida que a demanda aumentar, a necessidade de modernização e aumento do sistema elétrico ocorrerá, o que pode equilibrar ou inverter a tendência.

7. Dados

De toda energia consumida no Brasil, aproximadamente 20% é energia elétrica e 80% é consumo térmico. Os 20% de energia elétrica são compostos por (p.p):

  • Solar: 2,8;

  • Eólica:  2,5;

  • Biomassa e Biogás: 1,7;

  • Hidrelétrica: 10,7;

  • Combustíveis fósseis: 2,3.

Os 80% de consumo térmico são divididos em, aproximadamente (p.p.):

  • Derivados de petróleo: 29,6;

  • Biomassa: 21,6;

  • Gás natural: 12,8;

  • Carvão mineral e coque: 4,0;

  • Etanol: 8,0;

  • Outros: 4,0.

Agrupando as energias elétrica e térmica, as fontes são:

  • Combustíveis fósseis: 48,7 %;

  • Biomassa: 23,3 %;

  • Hidrelétrica: 10,7 %;

  • Etanol: 8,0 %;

  • Outros: 4,0 %;

  • Solar: 2,8 %;

  • Eólica: 2,5 %.

Até o próximo artigo!

Alex Fernando Ruiz

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